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Resultados das análises sobre a mortandade de peixes no rio Almonda

Resultados das análises sobre a mortandade de peixes no rio Almonda

No seguimento do episódio de mortandade de peixes detetado no rio Almonda a 6 de agosto de 2024, e estando agora o Município de Torres Novas na posse dos resultados das análises realizadas, cumpre-nos informar a população sobre os resultados e respetivas conclusões retiradas.

O Município realiza desde 2022 a Monitorização da Qualidade da Água do Rio Almonda, com amostragem em sete estações, em duas campanhas anuais (primavera e no final do período estival). Esta monitorização pretende avaliar a qualidade da água no rio Almonda, entre a sua nascente e o Paul de Boquilobo.

Para efeitos de comparação dos valores históricos e os obtidos no dia da mortandade, foi considerado o ponto de monitorização n.º 6, localizado Várzea dos Meziões, a jusante do Açude Real.

Adicionalmente e para análise da evolução da qualidade da água no pós incidente do dia 06 de agosto, o Município realizou ainda duas colheitas adicionais, a 12 e 19 de agosto no Açude Real.

No que se refere às evidências visuais de poluição, há testemunhos da ocorrência de comportamentos estranhos dos peixes pelas 22h00 do dia 5 de agosto de 2024;

Os serviços de Ambiente do Município detetaram, na terça feira, dia 6/08/2024, pelas 8h00, peixes mortos entre a Ponte do Raro e o Açude Real, pelo que foi de imediato acionada a Brigada de Proteção Ambiental da PSP, que procedeu à colheita das amostras de água em dois pontos. A recolha de evidências centrou-se na qualidade da água, não se procedendo à recolha de peixes, espuma ou qualquer outro material suspeito de contaminação;

O resultado das análises, as quais foram realizadas pelo Laboratório de Referência do Ambiente (APA) foi remetido para o município no dia 28/10/2024 e a divulgação dos seus resultados foi autorizada a 5/11/2024;

O resultado agora divulgado revela que as análises tiveram em consideração os parâmetros gerais que habitualmente são analisados quando se suspeita de descarga ilegal de águas residuais.

Os valores registados no período anterior, do episódio e o posterior a este, são os seguintes:

 Data  PH  CBO5 mg O2/l
21/04/2022  8,1  < 3
27/11/2022  8,3  < 3
06/06/2023  8,4  < 3
16/11/2023  8,3  < 3
31/07/2024  _  4
06/08/2024  7,7  140
12/08/2024  8  4
19/08/2024  8,1  3

 

Verifica-se por um lado que na data do evento, algo fez disparar os valores para níveis anormalmente altos, os quais também foram repostos passado muito pouco tempo.

Os valores de CBO (Carência Bioquímica de Oxigénio), anteriores e posteriores a 06/08/2024, são semelhantes e são considerados como bom ou excelente no limiar fronteira de qualidade dos parâmetros físico-químicos gerais aplicáveis em rios Agrupamento Sul.

O valor de 06/08/2024 apresenta um valor (140 mg O2/l), que excede 28 vezes o limiar de qualidade do bom estado ecológico (5mgO2/l), sendo indicador de uma carga orgânica muito elevada, e anormalmente muito superior ao verificado nos restantes períodos (35 – 46 vezes superior).

Considerando que se estima existirem cerca de 7.500m3 de água no troço afetado, os valores da concentração encontrados só se explicam com uma descarga de uma quantidade excessivamente alta (de uma grandeza numérica equivalente) ou se fosse provocada por uma descarga com uma concentração muito elevada.

A Carência Química de Oxigénio (CQO) também apresenta um valor elevado (160 mg O2/l). Visto que não está definido um limiar de qualidade do bom estado ecológico para o CQO, foi realizada a comparação com o Valor limite de emissão (150 mg O2/l) para águas descarga de águas residuais de potencial origem não doméstica (ou de outras origens não urbanas) de acordo com o Decreto-Lei n.º 236/98.

Considerando os elevados valores de CBO e CQO determinados, cerca de 20 vezes superiores aos detetados em períodos homólogos no rio (considerando os valores mais altos registados), podemos afirmar que é evidente a ocorrência de uma descarga ilegal no rio, afastando a hipótese da conjugação das condições do rio à data, nomeadamente aumento da temperatura da água, despreendimento de matéria orgânica do fundo, acumulação de nutrientes, entre outras.

Considerando as análises divulgadas pela APA e as realizadas pelo município, em anos anteriores e após o episódio e consultados especialistas técnicos nesta matéria, pode-se aferir que:

  • Considerando as análises realizadas, verifica-se que são os parâmetros associados à matéria orgânica (CBO5 e CQO) que se encontram mais elevados face aos valores normais em águas naturais.
  • A camada superficial esbranquiçada formada após o Açude Real, claramente menos densa que a água, não é característica de águas residuais urbanas, sendo mais associada a uma descarga química;
  • A mortandade dos peixes poderá ter diferentes causas, relacionadas com a descarga, desde toxicidade de químicos, à depleção de oxigénio dissolvido na água, no entanto, as evidências recolhidas não permitem indiciar a causa;
  • A causa continua desconhecida, não havendo indícios ou testemunhos que permitam indiciar a origem da descarga poluente, continuando o processo em análise pelas entidades competentes.

Perante este episódio e tendo em consideração, quer o histórico de anteriores episódios de mortandade, quer os resultados da monitorização que o Município se encontra a realizar, será delineado um Plano de Ação com o envolvimento das entidades com competência na matéria, com o objetivo de eliminar potenciais focos de poluição e mitigar a poluição dos recursos hídricos.

 

pdf  Relatório da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)

 

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